quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Apenas um Jogo

mudando o tema do blog passarei a publicar algumas crônicas neste espaço, como estamos no meio dos jogos olímpicos, falemos disso:

A seleção de futebol masculino que disputa os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro empatou mais umas vez, sem gols, com um adversário que, assim como no primeiro jogo não tem qualquer tradição neste esporte. Até aí nenhuma surpresa, após a humilhação sofrida pela Alemanha na Copa do Mundo, as eliminações vergonhosas nas últimas edições de Copa América, nossa colocação terrível no classificatório para o próximo mundial. Tudo aponta para mais uma campanha desastrosa. Em certo momento passei a torcer para os iraquianos, eles faziam aquilo que gostaria que tivéssemos feito, esse povo que nunca foi um país de verdade, dadas as suas divisões geopolíticas, jogava de corpo inteiro, alma, inteligência, espírito de equipe, estava tudo lá, do lado deles, eu também estava. E não estava só, todo público no estádio se levantou para aplaudí-los ao final da partida, e foram saudados de volta. Já o nosso time...

 O nosso time desceu aos vestiários sem gesto algum, sem falar com os repórteres de campo, nada. Nosso capitão, Neymar, sequer olhou para a câmera que transmitia o evento para nós, brasileiros, como eu e você, ou para as pessoas que estavam presentes, deu um sorriso amarelo, meio desbotado, olhando para o chão. E se foi. Um sorriso já gasto, de tão usado nas campanhas publicitárias que o fazem cada vez mais milionário, embora nunca seja suficiente para seu pai e empresário. Curiosamente no intervalo a emissora exibiu o maior tenista do mundo, quissá de todos os tempos deixar as quadras da Vila Olímpica aos prantos, eliminado.

 O Brasil ainda não está eliminado do torneio, resta um jogo para decidir a classificação, mas não se preocupe Neymar, é apenas um jogo. Quando voltar para Barcelona desfrutará toda a boa vida que sua fortuna conquistada merecidamente pode ou não proporcionar. Você irá pensar, caso leia esta crônica, que nós, os que o criticam invejam seu talento, seus milhões, e você pode ter certeza que sim, embora uns não admitam. No espelho, a tatuagem que leva no pescoço reforçará o seu lema: “tudo passa”. Mas algumas coisas não passam. As lembranças da infância, da vontade de vencer uma partida de futebol, a sensação de marcar um gol, mesmo que este tenha suas traves feitas de apenas um par de chinelos. Estas não passam. Qualquer que seja o resultado de quarta-feira, ganhando ou perdendo a medalha de ouro olímpica.