O oposto de um ser humano ao
contrário do que se possa imaginar não é um ser desumano, é o estado. Tudo que
pareça ser, como expressa o termo, desumano, é o que nenhum de nós admite
residir em seu interior. A maldade vil e cruel lida nos noticiários e ficções
diferentemente do que se acredita não é produto de outra coisa que não uma
pessoa como qualquer outra, com a diferença dela ter dado um passo além na
direção da torpeza e ignorar todas as regras estabelecidas pela sociedade para
o convívio saudável. Rasgar o manual da boa conduta que todos assinamos para
que a roda do progresso continue girando, as pessoas se relacionando, tendo
filhos, seus filhos por sua vez, as empresas gerando lucros e os estados
“administrando” tudo.
O estado, e aqui eu não me refiro
àquele poder intermediário entre o município e a república, também utilizado
para dividir o Brasil, no caso, nas capitanias atuais; tem a função de
controlar as pessoas, para que não se matem umas às outras e as empresas, para
que não escravizem as pessoas. O problema em gerir as relações entre as pessoas,
empresas e estado num sistema capitalista democrático como o experimentado pelo
ocidente nos tempos atuais é que sempre haverá pessoas descontentes exigindo
seus direitos, o que é legítimo, porém dada a ineficiência dos governos,
principalmente no nosso país, para controlar o bem público e sua inaptidão enquanto
instituição para tratar com pessoas, dá-se a impressão de que nós, na esperança
de fazermos um sistema auto regulador e que cuidasse de nós e tomasse as
decisões que não queremos ou não temos capacidade para fazê-lo criamos um
mostro assustador, cego, bruto, intolerante caso você não seja influente (rico)
e que é melhor ser deixado de lado para as questões do dia-a-dia, que afinal de
contas são as mais importantes. No que tange às ações em prol da comunidade e
transformações de longo prazo, este ser abstrato que é a instituição se desvencilha
de suas obrigações invariavelmente. Na política representativa apenas o
empresariado se sente devidamente representado devido ao poder financeiro e às
doações clandestinas de campanha. E que ainda tentam ser oficializadas.
Se cabe ao estado intermediar as
relações e zelar pelo bom convívio dos seres humanos então é inerente a busca pela
diminuição das desigualdades. Os conservadores, claro, dirão que é propaganda
política comunista, pois, como o próprio nome informa, interessa a eles conservar as diferenças sociais como estão, já que eles defendem as ideias da classe
dominante, empresários.
É de responsabilidade do estado por
exemplo implantar saneamento básico para seus cidadãos, mas ele não o faz na
sua totalidade. E é fácil localizar a fatia da comunidade que não é contemplada
com este direito. As relações promíscuas entre o poder público e o privado
geram episódios como o desastre ambiental provocado pela mineradora Samarco,
que coincidentemente após o “acidente” terá seu plano de inundar a região posto
em marcha como penalidade. Parceira do estado que é.
É a especulação imobiliária no
seu nível mais baixo. Por conhecer estas vilezas do ser humano é que não se
pode acreditar na auto regulamentação do mercado. Ao contrário do que os
intelectuais liberais afirmam, não há meritocracia nenhuma na iniciativa
privada. Basta você trabalhar em grandes corporações ou simplesmente estar numa
equipe com funcionários de mesmo nível que o seu para perceber que todos os
males do estado estão lá: peleguismo, apadrinhamento, intriga; fora a corrupção
e formação de cartel. Só um débil mental ou intelectualmente desonesto pode
supor que não se deva buscar uma compensação para as desigualdades que o
egocentrismo humano através do capital tem gerado. O Estado de Direito não tem
esse nome ao acaso, devem ser criados direitos para a camada pobre da população
em direção a uma igualdade mesmo sabendo que ela jamais existirá, pois os influentes
(ricos) detém o poder cabal do dinheiro, que subverte a ordem das prioridades
do estado através da corrupção.