terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

O ESTADO

O oposto de um ser humano ao contrário do que se possa imaginar não é um ser desumano, é o estado. Tudo que pareça ser, como expressa o termo, desumano, é o que nenhum de nós admite residir em seu interior. A maldade vil e cruel lida nos noticiários e ficções diferentemente do que se acredita não é produto de outra coisa que não uma pessoa como qualquer outra, com a diferença dela ter dado um passo além na direção da torpeza e ignorar todas as regras estabelecidas pela sociedade para o convívio saudável. Rasgar o manual da boa conduta que todos assinamos para que a roda do progresso continue girando, as pessoas se relacionando, tendo filhos, seus filhos por sua vez, as empresas gerando lucros e os estados “administrando” tudo.

O estado, e aqui eu não me refiro àquele poder intermediário entre o município e a república, também utilizado para dividir o Brasil, no caso, nas capitanias atuais; tem a função de controlar as pessoas, para que não se matem umas às outras e as empresas, para que não escravizem as pessoas. O problema em gerir as relações entre as pessoas, empresas e estado num sistema capitalista democrático como o experimentado pelo ocidente nos tempos atuais é que sempre haverá pessoas descontentes exigindo seus direitos, o que é legítimo, porém dada a ineficiência dos governos, principalmente no nosso país, para controlar o bem público e sua inaptidão enquanto instituição para tratar com pessoas, dá-se a impressão de que nós, na esperança de fazermos um sistema auto regulador e que cuidasse de nós e tomasse as decisões que não queremos ou não temos capacidade para fazê-lo criamos um mostro assustador, cego, bruto, intolerante caso você não seja influente (rico) e que é melhor ser deixado de lado para as questões do dia-a-dia, que afinal de contas são as mais importantes. No que tange às ações em prol da comunidade e transformações de longo prazo, este ser abstrato que é a instituição se desvencilha de suas obrigações invariavelmente. Na política representativa apenas o empresariado se sente devidamente representado devido ao poder financeiro e às doações clandestinas de campanha. E que ainda tentam ser oficializadas.

Se cabe ao estado intermediar as relações e zelar pelo bom convívio dos seres humanos então é inerente a busca pela diminuição das desigualdades. Os conservadores, claro, dirão que é propaganda política comunista, pois, como o próprio nome informa, interessa a eles conservar as diferenças sociais como estão, já que eles defendem as ideias da classe dominante, empresários.

É de responsabilidade do estado por exemplo implantar saneamento básico para seus cidadãos, mas ele não o faz na sua totalidade. E é fácil localizar a fatia da comunidade que não é contemplada com este direito. As relações promíscuas entre o poder público e o privado geram episódios como o desastre ambiental provocado pela mineradora Samarco, que coincidentemente após o “acidente” terá seu plano de inundar a região posto em marcha como penalidade. Parceira do estado que é.

É a especulação imobiliária no seu nível mais baixo. Por conhecer estas vilezas do ser humano é que não se pode acreditar na auto regulamentação do mercado. Ao contrário do que os intelectuais liberais afirmam, não há meritocracia nenhuma na iniciativa privada. Basta você trabalhar em grandes corporações ou simplesmente estar numa equipe com funcionários de mesmo nível que o seu para perceber que todos os males do estado estão lá: peleguismo, apadrinhamento, intriga; fora a corrupção e formação de cartel. Só um débil mental ou intelectualmente desonesto pode supor que não se deva buscar uma compensação para as desigualdades que o egocentrismo humano através do capital tem gerado. O Estado de Direito não tem esse nome ao acaso, devem ser criados direitos para a camada pobre da população em direção a uma igualdade mesmo sabendo que ela jamais existirá, pois os influentes (ricos) detém o poder cabal do dinheiro, que subverte a ordem das prioridades do estado através da corrupção.

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